O Símbolo do Caos
Depois de dias enfurnado nas suas pesquisas e de ter acordado suando frio de mais um dos seus pesadelos, Samuel Thompson achou por bem tomar um banho. Mathilda, a governanta, sempre falava que uma boa ducha renovava a alma. Ele resolveu seguir seus conselhos e até abriu a porta para gritar avisando que hoje desceria para comer na sala de jantar.
Apesar do sonho (mais uma vez Azathoth, a estrela perdida ou seja lá o que fosse naquele universo que na verdade parecia uma prisão, avisando que viria consumir a todos, nada de novo), era como se Samuel sentisse que hoje o dia seria diferente. Tinha que ser, afinal, tinha consultado todos os acontecimentos na mesma data desde a Antiguidade. Era um dia auspicioso!
Ele só não esperava que as boas notícias chegariam enquanto ele ainda estava no meio do banho. Seu celular tocou e ele saiu do chuveiro se cobrindo com uma toalha e meio que escorregando, desastrado que era. Não sabiam seu número e ninguém ligava para ele... Bom, não sem um bom motivo!
- Alô, Sam?!
Foi a voz do outro lado. Mesmo muito distraído e ruim de nomes, ele lembrava bem dos importantes. E não havia como esquecer outro amante das artes como aquele. Na verdade, era o Senhor das Artes, Michel Ahmagi, o próprio. Dono de uma galeria e tudo o mais.
(Por artes entendam-se obras-de-arte, e não a Arte/Tradição, que é um ramo de conhecimento sem sombra de dúvidas mais obscuro e perigoso...)
- Ah, alô! Michel!? Há quanto tempo...
- Eh, sim... Sam, preciso da sua ajuda! Eles... eles roubaram a galeria...
Realmente Michel parecia desesperado pelo telefone, o que constatava bastante com seu comportamento normal de crítico de arte. Levou um tempo para que Sam o acalmasse e descobrisse finalmente que levaram três peças dele e que não havia bem uma suspeita de quem seria o "eles." Era tudo muito estranho.
- Não se preocupe, irei te ajudar. - prontamente Sam respondeu. Afinal, ele gostava de coisas estranhas.
- Sabia que podia contar com sua ajuda... Fiquei sabendo que você tem uma agência de detetives! Será que eles poderiam passar aqui? Eu pago...
- Mas é claro! Só vou informá-los e logo estarei aí também! - Pensou em não aceitar o pagamento, mas lembrou-se que seus agentes provavelmente o matariam por isso.
Se despediram e Samuel voltou ao banho. Realmente era um bom dia.
"Nosso primeiro trabalho. Vamos, vamos!"
Essas foram as palavras que ele colocou no grupo "Excêntricos S/A" depois de informar a todos sobre a ligação e o que Ahmagi tinha dito. Todos pareceram felizes, apesar de um outro comentário sobre pagamento ou que tinham outros afazeres. No final das contas, todos foram até a galeria. Trabalho, e ainda mais do tipo que eles faziam, era difícil nessa cidade. Todos ali achavam também que se não fizessem algo sobre os eventos sobrenaturais que aconteciam por ali, mais ninguém faria.
Ao abrir a porta um Michel nervoso cumprimentou Samuel, que prontamente foi apresentando os demais. Veridiana Grimm (uma professora da Universidade, com pesquisas... duvidosas), Noir (uma ex-detetive de polícia misteriosa) e a cartomante Amanda (também vendedora de seguros). Michel por sua vez logo os levou até o segurança que estava presente na hora do roubo.
O questionário a ele ficaria para depois, o mais importante agora era ver as imagens das câmeras. Por elas, os agentes viram o ladrão adentrar por uma abertura numa janela criada a partir de um gel. Com movimentos rápidos, mas precisos, de um verdadeiro profissional, ele foi até as peças e da mesma forma foi saqueando três itens da galeria: plantas de uma construção, um colar e um tapete (da mãe de Ahmagi, segundo ele).
O ladrão colocou as plantas num estojo e os outros numa mochila, dessas de viagem. Da mesma forma sorrateira que entrou, o meliante teria ido embora tranquilamente. Se o segurança não tivesse aparecido.
No entanto, parece que isso não o havia perturbado nenhum pouco. Antes que o guarda pudesse puxar uma arma, a figura simplesmente desapareceu. Congelando a imagem e aproximando foi possível ver algo que brilhou em verde e os olhos dele também emitindo essa luz. O que aconteceu foi que o homem surgiu atrás do segurança e usou uma fumaça esverdeada para atordoá-lo. Então, foi embora.
Os agentes se dividiram para investigar. Não havia impressões digitais nem nada mais que pudesse identificar o invasor já que ele usava luvas e cobria todo o corpo. Noir, no entanto, seguiu por onde o ladrão havia entrado e saído, encontrando uma pichação sinistra de um triângulo invertido vermelho, a cabeça de um cervo de três olhos ao centro, com uma mão vermelha circundando o olho desigual da testa.
Continua...
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