O Funeral de Kolyan Indirovich

Ora vejam só, estou num lugar desconhecido novamente, me perdi novamente após outra noite de porre ou algo assim. Para minha sorte, um halfling que também estava ali na taverna me ajudou a lembrar da noite anterior. Havia um homem alto, e... ah, sim, uma carta! Um pedido de ajuda.

Eu estava fazendo o melhor para curar a ressaca, que era bebendo ainda mais, quando dois estranhos entraram, falando de casas que caíam. Ao ouvir isso, um outro homem se levantou de onde estava, dizendo que já haviam tentando queimar aquela casa de que falavam a muito tempo, mas ela sempre retornava.

Ele também se apresentou como Ismark, o Menor, ou algo assim. Nofir, Jack e Ghaul, o halfling, eram os outros. Pessoas realmente estranhas, mas quem sou eu para falar isso? Bom, as coisas estavam ficando mesmo interessantes por ali, embora a bebida da taverna fosse péssima. 

Ismark falava de modo desesperado. Sua irmã, a da carta que Nofir e Jack também disseram ter recebido dias antes, estava correndo grave perigo. De fato, o monstro, o barão Strahd Von Zarovich havia jurado tomá-la para si, e não falo de nenhum modo cavalheiresco.

Quem não era nada cavalheiresco pelo jeito era o próprio Ismark! Quando fomos a sua casa, após decidirmos ajudá-lo, ele esqueceu totalmente dos bons modos e não nos ofereceu nem um local para sentar! Esse povo que não era da minha bela Calimsham eram mesmos uns mal-educados.

Pelo menos lá na casa estava a irmã do infeliz, Ireena Kolyana. Sua beleza contrastava com a situação de aparente abandono da fachada e do caixão ali na sala que ela velava. O pai dele, Kolyan Indirovich, havia morrido de um mal súbito no dia anterior e agora Ismark era o burgomestre. Aquela terra não podia estar mais condenada, pensei.

Nossa missão agora era levar o caixão até o templo, na verdade uma pequena capela na saída oeste de Baróvia. O velho tinha que ser enterrado do lado da esposa... Por mim, queimava-o ali, afinal todos os corpos tinham que ser cremados, mas a cultura deles era diferente. De qualquer forma, não havia tempo a perder e partimos.

Vejam, aparentemente estávamos presos ali, com toda aquela gente estranha, acho que não custava nada ajudá-los enquanto resolvíamos nossos problemas. Acredito mesmo que o destino levaria uma coisa à outra.

Bom, o destino não parecia muito favorável naquele momento. Quando chegamos no templo, pudemos ouvir diversos gritos, como de monstros do Abismo. Ismark pelo visto também era um piadista pois havia nos dito que o padre Donavich lidava com seus próprios demônios.

Após chamá-lo, sem resposta, adentramos a capela. De fato o padre orava, mas logo veio dar o pêsames, se lamentando por ter que nos fazer esperar até o amanhecer, quando o seu deus do Sol permitia a cerimônia. Blá, blá, era mais tempo que perdíamos por ali, mas os costumes precisavam ser respeitados.

Perguntado sobre os gritos, o padre, que parecia apenas uma sombra de si mesmo, nos informou que seu filho e outros foram um dia lutar contra o barão daquelas terras, para libertar seu povo. Nenhum retornou, a não ser aquela coisa no porão que gritava.

- Não é mais meu querido filho. Eu rezo todo dia para que o meu Senhor lance sua luz e liberte-o desse tormento! 

Antes de voltarmos para a casa de Ismark e esperarmos o amanhecer, uma procissão macabra passou pelo lado de fora do lugar. Espíritos, todos indo para o castelo de Baróvia lutar mais uma vez contra seu senhor. Inutilmente. Entre as almas estavam uma barda anã. Achei que já a tinha visto em algum lugar.

Desta vez, Ismark foi um bom anfitrião e nos ofereceu o mesmo vinho ruim da região e um pouco de pão. Uma pequena criatura lagarto que andava com a gente desde que chegamos na cada da primeira vez, mostrou seus dentes afiados e exigiu carne. Enquanto isso, debatíamos o nosso plano de levar Ireena para um local seguro, longe das garras de Strahd. Algo bastante improvável.

O funeral aconteceu de modo normal, na medida do possível e nos despedimos da vila de Baróvia, rumo a Vallaki. O caminho se bifurcava para uma estrada que levava até um acampamento de vistani. Tínhamos sido informados que lá talvez encontrássemos ajuda com uma tal de Madame Eva...



- Kalid Al'Zeraf


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