O Legado do Desastre
O daimyo menor Doji Haruki sempre ansiava por mais poder e prestígio entre aqueles que possuem a verdadeira influência na Corte Imperial. Aquele momento parecia ter finalmente chegado, já que ele havia sido presenteado com o daisho do grande herói Seppun Daiori, pela família Seppun.
Esse provavelmente seria o destaque da cerimônia a ser realizada nas terras da Garça, com a presença de diversos samurais, incluindo: Kakita Kuro, meu honorável esposo, Hida Kana, uma nobre samurai-ko do Caranguejo, Isawa Amaruko, uma dama da Fênix, e Kitsuki Katemori, um Dragão que a tudo tomava notas.
Todos eles haviam chegado mais cedo e puderam desfrutar do delicioso chá da região e escutar Doji Haruki se vangloriando do daisho. No meio da noite, quando todos já haviam se recolhido a seus aposentos, porém, o desastre! Um grito cortou o silêncio e a paz de todos. A lamentação continuava, algo muito errado havia acontecido.
Kuro-san já havia se levantado e ido até o local da comoção. Os outros também foram até lá e presenciaram Haruki-dono. O seu maior tesouro havia sido roubado e o suporte onde guardava as relíquias da família, quebrado. O homem chorava, jurando vingança e os samurais foram dignos a ponto de não deixarem ele se humilhar mais.
- Acalme-se Doji-sama, é meu dever como samurai da honrosa Garça recuperar o que foi roubado.
- Vocês fariam isso? O que os Seppun dirão...
Rapidamente, Kuro-san esquadrinhou a sala e identificou três fios longos de cabelo e um pouco de sangue onde ficara o daisho. Apontando o achado, Doji Haruki fechou o semblante e disse:
- Claro! Já sei quem foi! Hida Samano, aquele desgraçado tem mechas longas como essa. Esse Caranguejos malditos...
Hida Kana preferiu procurar mais pistas e encontrou lá fora rastros, informando aos outros que era melhor irem o mais rápido possível para recuperar o daisho. Doji Haruki deu cavalos, lanternas e papéis de salvo-conduto a todos acreditando que iriam para nas terras de Hida Samano.
E estava certo. O rastro fez com que cruzassem a floresta e chegassem numa pequena vila do Caranguejo. Investigando, encontraram no segundo andar da hospedaria, trapos e bandagens sujas de sangue. Foram informados de que Seppun Kazumi havia pago e ficado ali naquela noite. Antes que pudessem descobrir mais, samurais Caranguejos chegaram pedindo que os acompanhassem. Hida Samano exigia a presença deles.
- Quem são vocês?! A nova forma de Doji Haruki me atingir?! Tudo que aquele maldito me acusa é ele mesmo quem faz... Se eu não tivesse problemas maiores protegendo o Império contra as criaturas das sombras eu mesmo já teria esmagado aquele verme com minhas próprias mãos! - Era o daimyo Caranguejo, furioso, embora ele mesmo não tivesse mais a idade e porte de um guerreiro.
Foi necessária toda a auto-disciplina para o respeitável Kuro-san contar o que tinham descoberto até então e, mais calmo, Hida Samano permitiu que fossem atrás da Seppun, afinal, aquilo envolvia a família Imperial, o que era sempre um assunto delicado. Pegando seus cavalos, o grupo fez o caminho subindo as montanhas, seguindo o rastro de Seppun Kazumi.
E lá no topo, encontraram a samurai. Mas não a tempo de impedirem com que ela partisse a espada do Daisho com uma enorme pedra. Consternados, Kuro-san e Hida-san partiram para detê-la pelos seus crimes. Kitsuki Katemori e Isawa Amaruko preferiram saber porque ela havia feito isso.
- A espada, ela está amaldiçoada. Era a minha missão. Aquela cada parte dela precisa ser enterrada em lugares diferentes, apenas isso.
Com a recusa de se render e incapaz de produzir provas de que era mesmo sua missão, uma rápida batalha se iniciou. A shugenja conseguiu prender sobre uma magia Seppun e ela finalmente cedeu, pedindo para que pelo menos tivesse uma morte honrada. Seppuku.
O pedido foi concedido e aquela relva agitada pelo vento da manhã foi um belo cenário para a ocasião. Os samurais relataram o ocorrido para Doji Haruki, Kuro-san enterrou as partes da espada em locais distantes e entregaram o daisho de Seppun na sua casa, apenas para descobrirem que ela tinha sido mãe recentemente.
Ainda houve a cerimônia organizada por Doji Haruki, mas ele bebeu demais e estragou a festa, acusando Seppun Daiori de lhe dar uma espada amaldiçoada. Dias depois, ele foi encontrado morto em seus aposentos. Meu querido Kuro-kun acredita que isso só quer dizer uma coisa: guerra. Por isso mesmo ele agora se preparava para tempos sombrios.
- Otomo Sakura
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