O Cavalheiro
Entre diversos capangas, lá estava o tal do Cavalheiro. Ele também sabia de tudo de nossas vidas e principalmente do Wargrin. Pelo jeito ele seria executado amanhã e eu quisesse falar com meu tio condenado, além de termos acesso a conhecimentos que poderiam livrar os membros do grupo amaldiçoados por Kallen (todos menos eu), deveria fazer um servicinho para ele.
Antes, o Cavalheiro nos obrigou a ceder parte do nosso sangue. Escória mafiosa, vão ter o que merecem! Enquanto Alexis deveria levar sozinho o corpo do pescador até a guarda, tentei ainda dissuadir aquele chefe dos bandidos mostrando que tínhamos um inimigo em comum: os elfos negros, mas eu estava errado, como vim a descobrir depois.
A missão era levar uma caixa cinzenta pesada, incapaz de sabermos o que havia dentro, para uma juíza dentro da área nobre. Para conseguirmos chegar lá, com a guarda em alerta total e a estratificação que geralmente acontecia em Zadash, teríamos que ir pelos esgotos, um caminho que Aradel podia nos guiar.
Alexis mal teve tempo de voltar e seguimos os três pelos subterrâneos da cidade. Enquanto a elfa ia mais na frente, tramávamos como se vingar do Cavalheiro pelo que nos obrigava a fazer, além do fato de estarmos quase sufocados em merda literalmente por ali!
- Ei, o que os dois molengas estão conversando aí?! Precisamos ir rápidos!
E a diaba da elfa estava certa! Os portões que controlavam o fluxo de saneamento daqueles labirintos estavam fechando pela hora. De fato, quase ficava para trás por todo o peso que carregava, mas usei a própria caixa para segurar o portal e conseguir passar.
Seguindo rapidamente pelos esgotos, finalmente chegamos naquele área do círculo mais interno da cidade. Havia glifos na parede que soavam ataque caso usássemos magias e as ruas eram muito patrulhadas, então tivemos que ser ainda mais cautelosos.
ENQUANTO ISSO... DIAS ANTES, NA ACADEMIA DE MAGIA
- Sabe o que dizem, meu caro professor Pimrose, sobre o presságio do fim dos tempos?
- Você fala da profecia dos anões, da busca deles pelas pedras, professor Arquimedes?
- Não, falo de algo mais antigo até que os elfos e os anjos: a criação de uma raça pelas próprias mãos dos mortais será nossa ruína! Ahahah
Pimrose ignorou o seu colega e voltou ao seu laboratório, um lugar lúgubre cheio de livros, itens alquímicos e parafernálias estranhas. Precisava conduzir mais um dos seus testes. Queria mais tempo, mas algo lhe dizia que um dos agiotas do Cavalheiro viria naquele dia.
O professor Arquimedes poderia saber tudo sobre rituais e a história da magia, mas era um velho cego no quesito inovação. Provaria a todos os seus pares que o seu projeto era o maior já criado em termos de magia. Ele revolucionaria o mundo e seria o último a rir.
Mas, de fato, suas pesquisas estavam estagnadas. A própria juíza Silverford e a família real havia tirado o seu patrocínio e ele teve que recorrer a meios mais escusos para conseguir financiamento...
- Vamos sua geringonça, você é minha única esperança!
Ele girou a manivela e os dutos que ligavam até o que parecia ser um corpo metálico e de material mágico conduziram uma forte corrente elétrica arcana. Os olhos do ser brilharam numa luz azul, de um jeito que o professor Pimrose numa tinha visto antes! Parecia que, pela primeira vez, havia uma resposta.
- Isso! Isso! Eu estava brincando Projeto Prometeus Modelo Alpha, erga-se e tome vida! Você é o primeiro dos soldados perfeitos. Aquele que mudará para sempre o futuro das guerras! Erga-se para a glória do Império Dwendal!
Atrás dos óculos de proteção, era possível ver olhos insanos de júbilo. Também não era para menos... após tantos anos de pesquisas sem resultado, de noites perdidas em protótipos falsos, do escárnios dos outros na Academia. Agora tudo se pagava, tinha que ser e... De repente, uma explosão! O braço esquerdo da criatura-experimento saltou, deslocando-se do corpo e detritos voaram em toda direção, numa onda de choque.
Pimrose conseguiu desviar por sorte de um destroço que passou zunindo sobre sua cabeça e desligou a máquina antes que algo mais saísse errado. Parte do laboratório estava destruído, era possível ver entre as luzes de estática que ainda emanavam. De volta à estaca zero? O professor sorriu. Talvez não.
Numa praça, encontramos um guia da Academia de Magia. Ele era um contato do Cavalheiro e iria entregar a caixa com o nosso grupo, mas primeiro, ficaríamos escondidos num lugar que aquele mago nos levava. Se eu soubesse o que nos aguardava, desistiria daquela busca infrutífera agora.
Comentários
Postar um comentário