Rumo a Koridrim
Tachadas como monstros, as medusas em Arton são caçadas, a simples menção de que havia uma por perto era capaz de atrair os mais diversos aventureiros. Derrotar um inimigo mortal, que podia petrificar com o olhar, certamente elevaria a fama do pretenso herói.
Heróis... Dyommora só conhecia uma de respeito: Silene, sua tia. Adorava escutar as histórias que sua mãe contava sobre ela, mesmo que a muito contra-gosto fizesse isso, após inúmeros pedidos. Para ela, a filha não deveria se importar com essas coisas, apenas se esconder nos limites da civilização e caçar para sobreviver como ela fazia.
Viver nos arredores de vilarejos, se abrigando na natureza e evitando humanos fez com que Dyommora aprendesse a se virar bem. "Verdadeiros heróis são aqueles que sobrevivem nos ermos, caçando monstros se preciso, nunca se importando com recompensas." Era o que sua mãe dizia. Apesar de difícil, era uma vida feliz que levava, sempre conhecendo uma novo ambiente.
Mas aquele era um mundo de muitos problemas e tudo acabou quando foram descobertas. Rumores de um culto de Tenebra raptando pessoas, como Dyommora veio saber depois, acabaram transformando-as em alvos para acabar com a ameaça. Lutaram por suas vidas mas eram muitos, com ancinhos e tochas, havia guerreiros também, e magos...
- Corrra! Busque sua tia, vá!
Chorando, Dyommora não queria deixar sua mãe, por mais que ela suplicasse, mas também cercada, acabou fugindo por sua vida. Ela ainda tinha flechas, acertava quantos podia. Mas por quanto mais tempo? A resposta veio rápido.
Ao buscar na aljava a próxima seta, sua mão não encontrou nada. Ela agora estava praticamente à mercê dos seus inimigos. Um homem alto preparava o machado, quando Dyommora ouviu uma barulho atrás de si.
Uma figura usando uma máscara sorridente irrompeu das sombras, ele também empunhava dois... pirulitos enormes?! E com essas armas estranhas, acabou com toda a turba que atacava a jovem medusa. Virando-se, ele fez uma reverência para Dyommora e ficou olhando-a. Sempre em silêncio...
Antes que a medusa pudesse fazer ou dizer algo, porém, o mascarado simplesmente pegou de um dos bolsos no conjunto de roupas estranhas que usava e lançou para ela um dado de seis lados com símbolos estranhos. Por reflexos, a garota pegou-o com a mão, surpresa. Porém, quando olhou de novo para o estranho, ele não estava mais lá.
Naquele momento, Dyommora só pensava em fugir, sua vida destruída... Levou um bom tempo para ela conseguir seguir em frente, vagando como uma nômade por Arton. Sabendo que nunca seria aceita naquele mundo.
Como caçadora iniciante, ainda tinha problemas contra criaturas maiores, mas também criava armadilhas, sabia onde e quando sua caça aparecia, além de sempre estar um passo à frente se ela que se tornasse a presa. Havia sempre um refúgio, uma rota de fuga também, planejados para se algo desse errado.
Ainda assim, sua curiosidade fazia com que, cobrindo a cabeça de cabelos de cobras com um capuz, frequentasse tavernas para escutar histórias, principalmente se elas significassem ameaça para você. Dessa forma, conseguia inúmeras informações e se mantia protegida, de certa forma. Poucas vezes alguém quis se meter com a "estranha que escutava." Aqueles que fizeram, não sobreviveram por muito mais tempo.
Numa dessas tavernas à beira da estrada, ela escutou, não de viajantes barbudos mal-encarados, mas sim de um bardo, histórias de Silene, a medusa pirata. Isso quase fez ela chorar, lembrando-se da sua infância. Há tempos procurava o paradeiro dela, mas sem sucesso.
No final, o bardo cantava que ela tinha morrido, encontrado o seu fim numa viela por um dos muitos inimigos que ela tinha feito durante suas aventuras. Não sua tia também! Ela foi tirar satisfação com o contador de histórias e tudo que o pobre homem conseguiu fazer foi dizer que na vila de Koridrim alguém deveria saber o paradeiro dela.
- A-a música que cantei sobre ela, aprendi nessa vila, lá ela é como uma deusa! - disse o homem, ainda assustado com a moça
- É bom que você esteja certo e eu não tenha que encontrá-lo novamente.
O bardo apenas engoliu em seco, como uma nota desafinada de seu violão.
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