Mensagens e uma Trilha de Sangue


Acordei no dia seguinte e vi Kror encarando o próprio cotoco da mão. Ele parecia confuso e não lembrar de nada. Expliquei o que tinha acontecido e uma sombra parece que se apoderou do coração do bárbaro. Sim, eu tentava mesmo enterrar lá no fundo o que tinha acontecido até mesmo para conseguir uma vingança, mas não sabia da minha cabeça que a princesa fora levada por minha culpa.

Ainda havia o caso do machado... Desde que os membros da família real nascem, Rastreadores de Sangue fazem sua mágica sinistra para que eles possam ser localizados quando preciso. E ali no machado havia ainda o sangue seco do príncipe. Nós éramos prezas fáceis para serem achados, mas talvez o Alexis soubesse como evitar isso.

Uma mensagem passou por debaixo, abrindo para ver quem tinha deixado, não encontramos nada. Parecia ter sido enviada por Alexis, dizendo para nos encontrarmos numa outra taverna. O bárbaro pediu um momento para pensar e eu fui mesmo lá embaixo conversar com o taverneiro. Kror iria fazer uma outra bobagem, eu sabia, mas relutantemente acabei deixando-o, afinal, precisava conseguir algumas informações.

Retornando, depois de descobrir que a outra taverna fica no porto, não encontro mais o bárbaro. Já não me surpreendia mais, a única coisa estranha era que ele não parecia ter saído pela janela nem nada do tipo. 

Na escrivaninha do quarto, vi uma carta. Eram as últimas palavras de Kror! Por Bahamut, o que ele tinha feito agora!? Parti para encontrar Alexis mas vi um papel com outra mensagem estranha, como aquela que tinha chegado mais cedo: "Não era com o anão, Kror. Venha você mesmo." As coisas só ficavam mais estranhas.

No porto, naquele região lúgubre, cheio de pedintes e pessoas de caráter duvidoso pelas ruas, pensei até que seria um bom lugar para se esconder da guarda, se não fosse perigoso por outros motivos... Passando por uma esquina, vi dois corpos estirados no chão, mortos. Os cortes me pareciam familiar, mas não tinha muito tempo para perder ali. Orei por Bahamut e segui.

Finalmente encontrei o local e respirei aliviado ao encontrar Kror bebendo sozinho. Só o taverneiro também estava ali, limpando uns copos atrás do balcão.  

Estendi a carta de suicídio para o bárbaro perguntando afinal o que era aquilo? Ele apenas olhou e deu de ombros grunhindo. Bom, ele havia desistido dessa ideia maluca então. Era melhor viver lutando para um dia ver Kallen se afogando numa poça do próprio sangue do que morrer antes disso... Eu pensava, quando vi então o bárbaro trespassar a si mesmo com uma espada.

Por Bahamut! Que brincadeira de mal gosto era aquela?! O taverneiro apenas olhava como se aquilo fosse comum todo dia por ali. Eu corri para tentar curar o infeliz do Kror, mas pra minha surpresa ele voltava a vida! Simples assim, como se nada acontecesse. O corte se fechou, ele sorriu, sorumbático dizendo que não conseguia mais morrer...

Por mil dragões! Aquilo só podia signifar uma coisa... Kror ainda estava almadiçoado! O taverneiro ainda olhava calmamente e apenas estendeu mais uma bebida para o bárbaro. Foi então que eu me lembrei e perguntei do Alexis.

Como se convocado, ele apareceu pela porta da frente. Foi um trabalho dos diabos para explicar a ele tudo que tinha acontecido, parecia que tinha se passado uma vida inteira até para um anão! No final das contas, Kror mostrou o espetáculo bizarro novamente da sua imortalidade para que Alexis ficasse a par de tudo e o taverneiro ainda estava ali só olhando indiferente.

Perguntei da Aradel... Parecia que a elfa estava metida em algo sinistro... Alexis contou que para conseguir entrar no segundo círculo da cidade e poder fazer as pesquisas, naquele caos que tudo se encontrava, precisava entregar um foragido para a milícia. O problema é que isso traria problemas com um tal de Cavalheiro, um mafioso do local.

Perguntei para Joe (para mim, todos humanos tinham esse nome), o taverneiro, se ele não sabia um meio mais fácil para chegar no segundo círculo. Resultado: todo mundo ali parecia estar envolvido com o Cavalheiro e o outro meio era entregar um pescador que se parecia com o foragido.

Fora da taverna, tecemos um plano para usar um dos corpos do que tinham sido mortos por Kror no lugar do pescador (eram bandidos locais). Fiquei aliviado porque meus companheiros não eram assassinos frios, embora não estivesse nada satisfeito com tudo aquilo. Arrastando os cadáveres para um beco, ainda discutíamos o melhor jeito de agir quando Aradel resolveu aparecer.

Perguntando o que acontecia, nós inteiramos ela de tudo. Ela não queria nos ajudar. Óbvio, o que poderia se esperar de elfos? Mas ela concordou em entrar furtiva na casa do pescador. Precisávamos ver se a magia de Alexis conseguiria disfarçar bem um dos corpos, ou algo assim.

Estranhamente, a casa estava aberta e só podíamos ouvir uns grunhidos. Entrando, encontramos o pobre homem amarrado e amordaçado numa cadeira. Do lado, uma mensagem do Cavalheiro. "Um presente de boas-vindas" para nós. O que se seguiu foi uma discussão, Aradel querendo matar o pescador e nós contra.

Por mim, o meu plano era aproveitar a imortalidade de Kror e ir pra cima do tal Cavalheiro. Era um tipo de missão suicida mas a outra voz da razão ali, Alexis, estava prestes a concordar, quando... Como que uma sombra desceu sobre ele.

Em instantes, Alexis estava contradizendo tudo que tinha dito antes e brigava com Aradel. Depois, mais calmo, pudemos deduzir que ele também estava almadiçoado. Mas por quem? Kallen novamente? Enfim, numa fração de segundos, como na morte do príncipe, vimos Alexis tomado por uma força e determinação sobre-humana matar o pescador.

Estava feito. O Cavalheiro definitivamente iria para minha lista de vinganças... Ainda havia o fato do filho do pescador, uma criança, ter visto tudo e ter saído correndo. Alexis, já recuperado, o colocou pra dormir. A vizinhança acordava com o barulho e nós voltamos para a taverna com o falso fugitivo.

Antes de cumprir a missão pra guarda, no entanto, o taverneiro nos informou que o Cavalheiro queria nos ver. Quando e onde? Ali mesmo, agora, no subsolo da taverna. Hah.



- Fargrin Stoneseeker

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