A Princesa e o Beijo da Morte


Há dias que são como anos, tantos acontecimentos que fica difícil resumir. Os humanos parecem gostar de uma vida assim, talvez porque vivam tão pouco. Os anões, como eu, por possuírem longevidade muito maior, aprenderam a apreciar melhor a vida, embora sempre prontos para o combate. O dia que irei relatar foi um desses cheio de surpresas, mortes e aventuras. E eu pensando que iria apenas apreciar um festival em uma pequena cidade...

Estava eu na estrada a quatro horas da pequena cidade onde seriam realizados os torneios, nas proximidades de Rexxentrum. Seguia também uma pista que talvez me levasse ao desgraçado do Wargrin. Pois bem, ao virar a trilha, me deparo com a primeira cena estranha do dia. A primeira de muitas.

Era ela. Não tinha como não reconhecer a princesa do Império Dwendaliano, Isabela. Ainda que não em seu melhor estado naquele momento, a sua beleza era irretocável e fazia jus a todas as lendas. Diante dela, um humano comum de cavanhaque tentava argumentar alguma coisa. Os dois estavam feridos e com certeza a princesa não parecia confortável com aquele que estava diante dela.

Fui tirar satisfação, afinal, onde estava a guarda dela? O que era tudo aquilo? Por Bahamut! A história que o tal de Alexis me contou não fazia o menor sentido: num casebre, ele e seus companheiros (Kror e Aradel) encontraram a princesa ser ameaçada por bandidos. Supostamente ela foi salva e os dois vieram parar ali. Alexis insistia para que fôssemos para o local relatado investigar e saber o que houve dos seus, mas a princesa queria ir para a cidade, e com toda razão! Já tinha me oferecido a escoltá-la e pelas escamas de Bahamut era o que iria fazer!

Depois de uma longa caminhada, ainda não confiava no humano, mas como ele disse que ficava a uns quinze minutos a tal da cabana, fomos averiguar. Não foi preciso andar muito mais para encontrarmos Aradel amarrada pelos braços a um galho de árvore, com cicatrizes estranhas em todo corpo e bastante ferida. Alexis atirou na corda enquanto eu me posicionei para segurá-la e logo administrar cura nela também. Ignorei o significado das marcas pela gravidade da situação mas sabia que elas significavam grande problemas. Bom, e eu não estava errado.

As runas gravadas no corpo de Aradel logo começaram a brilhar e a própria sombra dela se desgrudou do corpo ao mesmo tempo que sacava sua adaga. Desviei do golpe por reflexo e procurei me afastar. Alexis veio ao combate contra a sombra e eu tentei excomungá-la, sem sucesso. A mão fantasmagórica daquela coisa atravessou minha armadura em meu ombro esquerdo, me fazendo sentir o frio da morte. Ignorei a dor por enquanto, a sombra tinha pulado no corpo de Alexis e tentado dominá-lo. As coisas não estavam nada bem.

Contra sombras, luz. Era isso. Alexis acendeu uma tocha enquanto eu iluminava magicamente meu martelo. A sombra ficou desnorteada pelas luzes, gritei para os outros que ficassem sob a luminosidade e aproveitei para curar Aradele. Minha magia cicatrizou alguns dos símbolos arcanos, fazendo a sombra desaparecer e com que a ladina recobrasse a consciência.

A elfa, ou meio-elfa, nunca sei a diferença, contou-nos o que aconteceu. Aparentemente Kror havia feito um pacto com um elfo negro chamado Kalen. Malditos drows, eu sabia que eles estavam envolvidos nisso! Ao saber disso, a princesa nos apressou ainda mais, precisávamos chegar na cidade! Indo para lá, já podíamos ver a fumaça, e quando chegamos tivemos a confirmação: a vila estava sob ataque!

Mortos-vivos (estranhamente, apenas femininos) lutavam contra soldados do príncipe, diversos corpos jaziam no chão e casas ardiam em chamas. Em meio a isso tudo, o que parecia ser o bárbaro Kror discutia com um drow, provavelmente o tal do Kalen. O humano grandalhão, após um grito de fúria, desceu o machado em cheio no elfo negro, que sorriu e desapareceu. O bárbaro então começou a atacar os zumbis ao redor.

Fomos ajudar, Alexis e a princesa usavam magia, Aradel ia furtiva derrubando mortos-vivos um a um, eu clamava por Bahamut mas eram criaturas extremamente resistentes. Por fim, caí pra um golpe de uma maldita golias zumbi, mas a batalha já estava quase ganha. Depois, quando recobrei a consciência, soube que a princesa tinha sido enganada pelo Kalen novamente mas Alexis a tirou do transe, não sem antes receber um beijo da morte do elfo negro! Uma coisa horrível, a marca no pescoço como a mordida de um vampiro era bem visível, e como eu não tinha mais magias no momento não poderia ajudá-lo...

Por fim, o príncipe Artorius nos chamou para agrade.. bom, não sei muito se foi um agradecimento. Perguntei se não iriam revidar, elfos negros da Dinastia Kryn tão próximos da capital... Mas parecia que a prioridade era guardar mais segredos enquanto Alexis era preso por ter recebido o beijo da morte. Ah, isso não ficará assim! Por Bahamut, o tal de Kalen pagará por seus atos nefastos!


                                                                                                                            - Fargrin Stoneseeker

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